sexta-feira, 24 de abril de 2015

Resenha: "Onde a Lua não está"



“Esta é a minha vida. Tenho 19 anos e a única coisa sobre a qual tenho controle em todo meu mundo é como escolho contar essa história. Então não vou foder com ela. Será boa, se você tentar confiar em mim.” (p. 86)

Matthew perdeu seu único irmão - que tinha síndrome de Down. Ambos eram crianças na época. Além disso, também precisa conviver com o fato de que é esquizofrênico. Esse é o foco do livro “Onde a lua não está”, o desenvolvimento do protagonista em vista de todos os seus conflitos internos e as consequências em sua vida.

“Quando estou muito medicado, durmo 18 horas por dia. Durante esse tempo, fico muito mais interessado nos meus sonhos do que na realidade, porque eles consomem muito mais do meu tempo. Quando os remédios não estão funcionando direito - ou se decido não tomar -, passo a maior parte do tempo acordado. Mas aí meus sonhos dão um jeito de me seguir.” (p. 26)

“Onde a lua não está” nos aproxima da vida de um rapaz que possui um grande trauma e uma doença mental que o torna dependente de medicamentos e periódicas internações em hospitais psiquiátricos. A narrativa percorre desde a infância do personagem até seus 19 anos, que é o momento em que este está escrevendo a história. Portanto, o livro está composto de memórias e acontecimentos mais recentes na vida de Matthew.


Contudo, isso pode torna a leitura um pouco confusa, pois, muitas vezes, a narrativa será interrompida por uma lembrança de sua infância, de sua relação com seu falecido irmão, de uma conversa entre seus pais, etc. Talvez esse efeito seja para nos mostrar aproximadamente como funciona a mente de um esquizofrênico, já que essa doença dificulta a distinção entre a realidade e a irrealidade. As falhas na cronologia da história nos evidencia a confusão que o excerto acima nos diz, ainda mais considerando que algumas dessas lembranças podem não ter ocorrido como descrito - algo ressaltado pelo próprio narrador. Aliás, a escrita tem momentos diferenciados, com repetições, onomatopéias ou formatações incomuns, o que também nos faz concluir que o autor quis nos mostrar como a informação pode estar na mente do personagem.

Ademais, há trechos em que o texto estará como se fosse datilografado na máquina de escrever, ou em formato de cartas, ou com desenhos - já que Matthew adora desenhar. Percebemos, de fato, o quanto o autor tentou nos aproximar do personagem, destacando elementos gráficos que também integraram a vida deste.

Outro ponto interessante a ser salientado é que as explicações nem sempre serão dadas quando o narrador as cita. Ele nos apresenta as informações no momento em que achar melhor. Isso nos dá, inclusive, um certo suspense sobre sua vida. Saberemos o que aconteceu, mas os detalhes dependerão de outras circunstâncias para serem revelados.

Por fim, “Onde a lua não está” realmente nos apresenta uma realidade que desconhecemos. Não se trata apenas de um livro sobre um adolescente, mas de um crescimento que encontra vários entraves difíceis de se lidar. Matthew luta contra o vitória de sua doença sobre ele. Luta para superar a morte de seu irmão. Insere-nos nas profundesas de sua mente, mostra-nos como convive com isso. E, sobretudo, ensina-nos que batalhas podem ser vencidas, e que alguns problemas estarão sempre do nosso lado, mas isso não significa que tudo estará perdido.

Um comentário:

  1. Oi Patrícia! Que capa linda!!
    E a história é bem forte, né? !
    Não conhecia o livro, mas parece bacana.
    Bjs!!

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