domingo, 5 de abril de 2015

Resenha: O sol é para todos


O sol é para todos é um clássico dos 1960 que se passa nos anos da Depressão Americana e conta três anos da vida de três crianças: Scout, a narradora da história, Jem, seu irmão mais velho e Dill amigo dos dois. Em uma pequena cidade do sul dos EUA, chamada Maycomb. Com todos os tipos e figuras comuns à estas cidadezinhas esquecidas pelo mundo. 


O livro começa com a chegada de Dill ao convívio das outras duas crianças. E com Dill, também começa o fascínio das crianças por Boo Radley. Um cara que vive recluso em sua casa a anos e não sai. O encanto e a curiosidade por esta estranha figura é tanto que eles até mesmo começam a dramatizar a sua história (baseada em boatos contados pelo povo da cidade) em suas brincadeiras. E também fazem de tudo para que ele saia para o mundo e venha conversar com eles e explicar porque ele vive deste modo.
Mas este livro está além de brincadeiras e jogos infantis, é um livro que trata do preconceito e da intolerância nesta parte dos Estados Unidos (e em qualquer outra parte do mundo em que há discriminações deste tipo, veladas ou não, se formos pensar).
A segunda metade do volume é a mais séria e a mais dramática. Trata do julgamento injusto de um negro acusado de estuprar uma moça de uma família branca que vivia também à margem. O advogado de defesa, é o pai de Jem e Scout, Atticus. E por isto, a vida dos dois começam a mudar e muito. Como o povo da cidadezinha é muito preconceituoso, as crianças começam a sofrer também discriminações na escola de seus coleguinhas, obviamente influenciados pelas idéias e pensamentos dos adultos.
A narradora do livro, Scout, inicia com seis anos e termina com nove anos. E pode-se perceber um amadurecimento de muitas de suas idéias ao longo do livro. Além de toda esta denúncia ao racismo e a intolerância, O sol é para todos é acima de tudo uma história sobre crescimento de crianças, a passagem da infância para o começo da juventude e daí para a vida adulta. Scout começa a sofrer estas transformações primeiro observando a mudança de comportamento do irmão, que já está entrando na puberdade, e descobrindo que as brincadeiras não poderão ser mais como eram antes. 
Depois ela começa a observar seu próprio crescimento, não só pelo amadurecimento de suas idéias em relação às situações que eles vem passando, mas também numa abdicação de sua vida anterior de brincadeiras na lama e tudo mais, para se tornar uma dama como sua tia deseja. (Esta parte eu já achei um pouco triste, como se Scout tivesse que abdicar de sua própria essência para se tornar uma mulher, mas era assim naquela época. Uma garota não poderia brincar de "coisas de menino para sempre")
Este livro é um clássico não por acaso, porque com uma linguagem singela ele nos dá a visão de um mundo real, que por mais que não seja ruim é muitas vezes hipócrita e discriminador com aquilo que é diferente e incomum, e tudo isto através dos olhos de uma criança que está em sua fase de amadurecimento e questionamento de certas atitudes do ser humano. É um livro que vale a pena ser lido e relido, e lido novamente. Um livro pra vida toda.

2 comentários:

  1. Nossa Morgs..que resenha linda!! Sou meio avessa à Clássicos ( não sei pq, mas acho que serão chatos :-/, mas esse é um dos poucos que me interesso em ler há tempos. O dia que o fizer, volto pra compartilhar minha opinião ;-)
    Mas só me deu mais vontade de ler :-)
    Bjs!!

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    1. Fabi, nao tenha medo de classicos nao! Eles sao livros como todos os outros. so que talvez eles tenham uma linguagem um pouco diferente porque foram escritos em outro tempo, outra epoca. E este eh um que com certeza vale a pena ser lido.

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